Testes de Qualidade em Bicicletas

O Laboratório por Trás da Robustez Skape

Por que testes específicos de alta credibilidade, conduzidos por uma equipe de alta capacidade, mudam tudo no mercado de bicicletas elétricas.

Por Antônio Mello e Souza*


1. Introdução: Testar é mais do que montar, é antecipar o imprevisto

Ao comprar uma bicicleta, você espera que ela aguente seu peso, as ruas esburacadas, os buracos no asfalto não sinalizados, o transporte diário de crianças ou compras, o calor extremo e a chuva ácida. Mas, quantas marcas brasileiras testam suas bicicletas dessa forma?

Infelizmente, boa parte das bicicletas comercializadas no Brasil — incluindo as elétricas importadas — passa por processos de testagem superficiais: testes visuais, frenagem em bancada, torque de parafusos. Raramente enfrentam simulações de impacto, ciclos de fadiga, vibração estrutural, corrosão salina ou testes combinados de motorização, carga e irregularidade de terreno.

Na contramão desse padrão, a Skape Bikes estabelece um novo patamar. Todos os seus novos modelos — S2, S2+, HD, HD LT, SuperMini e Gravel GX — são fabricados pela Qualisports sob projeto e encomenda da Skape Bikes e submetidos a um dos protocolos de testes mais rigorosos do mundo, em um laboratório certificado pela SGS-CSTC QTL. Mesmo sendo bicicletas de uso majoritariamente urbano, cada modelo é testado segundo os parâmetros da norma ISO 4210-M, originalmente criada para mountain bikes — o que garante que são mais do que adequadas aos desafios reais das cidades brasileiras.


2. SGS-CSTC e a Placa que Impõe Respeito

Ao entrar no imponente laboratório de testes da Qualisports, a primeira coisa que se vê é a placa “SGS Standard Technical Services Co., Ltd – Laboratório Acreditado”. Isso significa que não se trata de um centro experimental qualquer. A Qualisports, fabricante das bikes Skape, mantém um laboratório certificado, com controle de acesso rigoroso, calibração periódica de bancadas e rastreabilidade completa dos dados. A maioria dos testes vai além das exigências normativas, garantindo a qualidade e segurança dos produtos.


3. A Lógica por Trás de Cada Teste

Os testes realizados no laboratório da Qualisports são abrangentes e focam em garantir a durabilidade e segurança das bicicletas Skape em diversas condições de uso.

3.1. Teste de Queda e Colisão (Fork and Frame Assembly Drop Test)

Este equipamento avalia a integridade estrutural do veículo simulando colisões de pneus com paredes e descidas de escadas, além de avaliar o risco de desmontagem por meio de testes de peso de queda e queda livre. O conjunto garfo-quadro é submetido a cargas de impacto verticais e horizontais, simulando a colisão de pneus com obstáculos inesperados. Cargas variadas são aplicadas sobre a bicicleta para medir deformações plásticas, trincas ou desalinhamentos estruturais.

Do ponto de vista da engenharia, o ensaio busca identificar regiões críticas de concentração de tensão, onde o esforço gerado pelo momento fletor supera a resistência localizada da liga metálica. É especialmente importante para prevenir falhas repentinas em quadros com geometria compacta e risco de desmontagem.

3.2. Fadiga no Guidão (Handlebar Fatigue Test)

Este equipamento testa a resistência à fadiga e a durabilidade de guidões sob uso repetitivo e cargas variáveis, garantindo sua segurança e confiabilidade em condições reais de ciclismo. Neste ensaio, torques alternados e simultâneos são aplicados nas extremidades do guidão, com magnitude e frequência equivalentes a anos de uso em terrenos difíceis. A estrutura é fixada por sua base e os braços do guidão sofrem oscilações cíclicas que simulam freadas bruscas, curvas, buracos e carga dinâmica.

Do ponto de vista técnico, o teste impõe solicitação torsional repetida, sujeitando o componente a fadiga de alto ciclo. O objetivo é detectar qualquer perda de rigidez ou fissuras progressivas na região de solda com a mesa ou no corpo tubular.

3.3. Fadiga no Garfo Dianteiro (Fork Fatigue Test)

O teste para garfos dianteiros padrão avalia o risco de fratura após dezenas de milhares de ciclos, enquanto o teste para garfos com suspensão verifica fraturas e vazamento de óleo, proporcionando uma avaliação abrangente de desempenho e confiabilidade. A suspensão dianteira é submetida a ciclos de compressão e retorno com carga progressiva. Mede-se perda de eficiência, deformações e vazamentos. Também se avalia o coeficiente de histerese da mola ou elastômero, determinando o conforto e o controle em uso real.

3.4. Fadiga por Força de Pedalada (Pedal Force Fatigue Test)

Este equipamento simula as forças de pedalada durante o ciclismo, aplicando cargas repetitivas para avaliar durabilidade e resistência à fadiga, garantindo segurança e confiabilidade no uso prolongado. Os pedivelas são acionados por um sistema de excêntricos de torque constante que simula a aplicação repetida de força de pedalada sob carga. O eixo central (bottom bracket) e os demais componentes são monitorados quanto à deformação, folga e trinca. Esse teste é especialmente relevante em bikes elétricas, onde a força humana se soma ao impulso do motor.

3.5. Fadiga Horizontal e Vertical no Quadro (Frame Horizontal and Vertical Forces Fatigue Test)

O teste horizontal simula forças de vai-e-vem no quadro para verificar fraturas, enquanto o teste vertical avalia se as forças de sentar durante o ciclismo podem causar fraturas na estrutura. Neste duplo ensaio, forças alternadas são aplicadas no eixo vertical (assento) e no eixo horizontal (lateral do quadro), simulando condições reais de carga com pedaladas, curvas, saltos e uso prolongado. São aplicados mais de 100 mil ciclos, com registros contínuos de deslocamento e ruído estrutural.

A estrutura metálica é avaliada quanto à resiliência cíclica, ou seja, a capacidade de resistir a pequenas deformações sem alterar sua geometria nem gerar zonas plásticas. Aqui se verificam soldas, junções de tubos e comportamento da liga usada, principalmente a de alumínio 6061.

3.6. Vibração Multiaxial do Quadro (Frame Vibration Fatigue Test)

Este teste simula condições da estrada e vibrações para avaliar a durabilidade a longo prazo e resistência à fadiga do quadro, garantindo que não falhará durante o ciclismo e aumentando a segurança e confiabilidade. A bicicleta é fixada em plataforma vibratória que opera nos três eixos principais (X, Y, Z), simulando as condições de rodagem sobre paralelepípedos, valetas, trilhas leves ou asfalto irregular.

É um dos testes mais agressivos, pois impõe microacelerações repetidas de até 10g sobre a estrutura. Avalia não apenas o quadro, mas o comportamento de parafusos e abraçadeiras.

3.7. Oscilação em Racks (Shelf Oscillation Test)

Ao posicionar objetos pesados e iniciar um movimento de balanço, este teste avalia a robustez e capacidade máxima de carga dos racks, verificando sua segurança e estabilidade em uso real. O rack é fixado por suportes oscilantes, simulando a exposição em loja ou transporte em racks veiculares. A estrutura é submetida a movimento pendular repetido, com variação de peso, avaliando solicitações cíclicas fora do eixo neutro.

Esse teste revela pontos de tensão secundária que poderiam gerar falhas em locais pouco intuitivos ou pontos de fixação.

3.8. Névoa Salina (Salt Spray Test)

Este teste simula um ambiente de névoa salina para avaliar a resistência à corrosão de materiais e revestimentos. Ele verifica a capacidade de componentes metálicos e revestimentos de resistirem à corrosão, auxiliando no projeto de produtos e seleção de materiais para melhorar durabilidade e confiabilidade. Os quadros e componentes são colocados em uma câmara pressurizada com névoa salina a 35 °C, por 24 a 1.000 horas, simulando anos de exposição à maresia ou à chuva ácida. Avalia-se corrosão superficial, delaminação da tinta e oxidação de componentes metálicos e conectores.

Este é o teste padrão para avaliar resistência eletroquímica de ligas metálicas. O desempenho das bicicletas Skape nesse quesito é superior ao exigido para bicicletas urbanas, mesmo em regiões costeiras.

3.9. Dureza Rockwell (Electric Rockwell Hardness Test)

Este equipamento mede com precisão a dureza de materiais, especialmente metais. Através de um processo automatizado de teste, avalia rápida e precisamente os valores de dureza, auxiliando os usuários a determinar o desempenho e adequação dos materiais. Isso é crucial no desenvolvimento de materiais, controle de qualidade e processos produtivos, garantindo que os materiais atendam aos padrões do setor e requisitos técnicos.

Com um durômetro Rockwell automatizado, são feitas medições da dureza do metal nos parafusos, tubos, eixos e pontos de junção. O resultado é comparado com os valores esperados para a liga utilizada, dentro de tolerância pré-definida. Este teste evita substituições indevidas de matéria-prima por ligas mais frágeis — algo que infelizmente ocorre em processos industriais de baixo controle – e auxilia no contínuo aprimoramento da qualidade das bicicletas Skape.

3.10. Potência e Torque do Motor (Motor Bench Test)

A máquina de teste de potência de motores é utilizada para medir com precisão parâmetros como potência, eficiência, torque e rotação, verificar padrões de projeto e eficiência energética, testar desempenho sob carga, avaliar consumo energético e diagnosticar falhas, fornecendo dados para P&D, controle de qualidade e manutenção. O motor é testado isoladamente em bancada com sensor de torque e controle de carga. Mede-se a curva de torque, pico de potência, eficiência de conversão elétrica e comportamento térmico em diferentes RPM.

É o único teste que garante que o que está especificado — 250 W, 350 W ou 500 W— é o que o consumidor realmente recebe na roda.

3.11. Envelhecimento por UV (UV Accelerated Weathering Test)

Este teste simula a exposição à radiação UV para avaliar a resistência climática e durabilidade de materiais e revestimentos, aprimorando o projeto e a confiabilidade de produtos para uso externo. Tinta, adesivos, peças metálicas e plásticas são expostos a lâmpadas de radiação ultravioleta em ciclo contínuo, simulando meses sob sol tropical. O teste mede degradação ótica (desbotamento), resistência térmica e aderência dos revestimentos.

É essencial para garantir que as bicicletas Skape mantenham sua aparência e proteção ao longo do tempo, mesmo em uso diário sob sol intenso.

3.12. Teste Integral (Electric Bicycle Comprehensive Performance Test)

Este equipamento avalia indicadores-chave de desempenho de bicicletas elétricas — vida útil da bateria, potência, frenagem, desgaste dos pneus e resistência estrutural — simulando diversas condições de ciclismo para garantir segurança e durabilidade. A bicicleta completa é colocada sobre rolos ou esteiras de simulação, com carga no bagageiro e aceleração variável. Avalia-se potência, torque, eficiência energética, comportamento dos sensores de pedalada, consumo de corrente e resposta do sistema de controle.

É um ensaio dinâmico, que busca avaliar holisticamente o desempenho dos modelos Skape com foco em interação entre seus subsistemas (motor, controlador, freio, bateria, sensores), medindo o comportamento sob carga e condições de terreno realistas.

3.13. Teste de Transporte e Queda da Embalagem

Este teste simula condições de transporte para avaliar a resistência das caixas de papelão e determinar se elas causarão danos às mercadorias durante o trânsito, garantindo que as embalagens ofereçam proteção eficaz no uso real. A embalagem da bicicleta é submetida a movimentos simulando condições reais de manuseio, em diferentes eixos e pontos de impacto. O objetivo é avaliar a capacidade de absorção de energia da caixa de papelão e demais componentes das embalagens e o eventual dano interno ao produto, mesmo quando a caixa aparentemente permanece intacta.

É essencial para garantir que nossas vendas online em transportes interestaduais, onde as bicicletas Skape podem sofrer múltiplas transferências e empilhamentos, cheguem íntegras ao local de entrega escolhido pelos nossos clientes.


4. Conclusão: Não é só Qualidade, é Engenharia Aplicada!

Todas as bicicletas da Skape, embora sejam majoritariamente para uso urbano, são projetadas e testadas segundo os parâmetros da norma ISO 4210-M, voltada para mountain bikes — as que enfrentam saltos, pedras, trilhas e lama. Isso significa que elas estão acima da média exigida para uso urbano, de qualidade e robustez comparáveis às melhores marcas do mundo, e prontas para o Brasil real: com seus buracos, calçadas quebradas, valetas, rampas e clima adverso.

Por isso, a Skape exige que suas bicicletas e componentes sejam submetidos a rigorosos testes de qualidade, conduzidos com seriedade e critério técnico da Qualisports. Mais do que marketing, isso reflete um compromisso real com a segurança e a excelência.


  • Antônio Mello e Souza é ex-atleta de corridas de aventura, sócio da operação Skape.
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